26.1.15

comece sua viagem e não pule nada.

tudo na vida precisa de trilha sonora, a desse texto está aqui.

"Nunca viajou pela estrada sozinho de uma ponta a outra do país? Todos tem que fazer uma viagem pela estrada uma vez na vida. Apenas você e algumas músicas." (Claire, no filme)



eu amoadorosoufeliz viajando. simples assim. adoro a estrada em todos os seus aspectos. igual ao jack kerouac. guardem essa informação.

(segunda feira com altas expectativas pois eu iria ao teatro com uma querida amiga. em cima da hora ela desmarcou. instantaneamente fiquei com dor de cabeça. e tédio. tinha tempo livre. não queria rede social para as mesmas conversas rasas. aí na minha mesa no quarto o velho e infalível filme com o orlando bloom e a kirsten dunst me sorri, eu dou uma chance e passo o resto da segunda sorrindo).

Elizabethtown (no Brasil, Tudo acontece em Elisabethtown) é um filme piegas, fofo, doce, levemente mórbido que tem como principal efeito colateral me deixar com sorriso bobo. Aquele filme que recebeu críticas mordazes dos críticos mas que eu não canso de ver de novo de novo de novo. O filme nunca ganharia o Oscar, mas eu adoro assisti-lo, melhora drasticamente meu humor. Me deixa leve. E fala basicamente de duas coisas que amo: música para cada momento da vida e viagem! A história é bem comum mas a trilha sonora te transporta pro sul dos EUA e te deixa lá só olhando os cenários. Após o filme corri pra conhecer a trilha sonora e meuDeus que músicas maravilhosas. Que sacada desse diretor (que eu descubro depois que é o mesmo de Vanilla Sky e Quase Famosos <3).
O enredo é simples: Drew, um cara workaholic  é responsável pelo maior fracasso da sua empresa sendo demitido, bem no meio de sua autocomiseração recebe um telefone da irmã contando sobre a morte do pai. Drew tem que deixar seu fiasco em standby e cuidar do funeral do pai numa cidadezinha pitoresca no Kentucky onde todo mundo é barulhento, afetuoso e afetado. (Eu adoro a expressão de apatia do Drew no meio das pessoas super efusivas de sua familia sulista!).


Nessa viagem o Drew conhece a Claire, uma aeromoça levemente intrometida, louca e absurdamente fofa que cativa a gente. Claire é responsável pelas melhores frases e diálogos do filme (melhor personagem!!). Alguns conselhos dela são preciosos:

"Você tem 5 minutos para engolir esse delicioso sofrimento.
Aproveite-o, abrace-o, descarte-o... e prossiga."


"Tristeza é mais fácil, porque é desistência. Digo que é hora de dançar sozinho... com uma das mãos balançando livremente."


"Sinta como o ar noturno serpenteia seu cabelo... pelo seu rosto, e abra a outra janela [...] Algumas músicas precisam de ar. Abra sua janela."


"Você é um artista, seu trabalho é romper barreiras. Não aceite a vergonha, curva-se e diga: "Obrigado, sou um perdedor e eu vou embora agora, Phil foi mau comigo"... E daí? Quer ser realmente vitorioso?
Então tenha a coragem de cair do alto e sobreviver. Faça-os se perguntar por que você continua sorrindo. Essa é a verdadeira grandeza para mim."

O clima do filme é clichê, bem sessão da tarde e ainda assim é uma delícia assistir porque as pessoas são inusitadas. Eu particularmente gosto do casamento  Chuck&Cindy que é coadjuvante na história. Outra coisa bacana é o jeito que o fracasso e a morte são tratados. Há reflexões interessantíssimas sem a menor pretensão de serem legendárias. A 60B é um outro "personagem" marcante na história pois me lembra que as vezes a gente se perde por um detalhe e não percebe que a informação sempre esteve ali, a gente que não estava. O rock clássico e a aura sulista também são "personagens" marcantes.
A melhor razão pra vê esse filme é o mapa da Claire com uma proposta biutiful de viagem e uma trilha sonora wonderful!


"Eu tenho essa coisa para você. É um mapa muito especial. Para sua viagem [...] Só me telefone quando chegar em casa... e não antes disso. Quero que entre bem fundo... na linda melancolia do que aconteceu.
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Comece sua viagem e não pule nada."
(Claire pra Drew)


(amo viagem. adoro estar na estrada, sentir os climas, olhar e olhar e olhar e fotografar céus-pessoas-particularidades. adoro o movimento do carro, estar em movimento. adoro o percurso, nem me importa o destino, gosto de estar na estrada).

Sempre me sinto viajando junto com a urna funerária e o personagem de Orlando Bloom enquanto o filme mostra alguns dos lugares mais bonitos (e pouco conhecidos para nós estrangeiros) do sul dos EUA.  Confesso: tenho invejinha do Drew. Eu queria viver tal viagem: sentar com o velhinho e ouvir histórias sobre os grandes nomes do blues; sentir o clima elvisiano em Memphis; e perambular pelos lugares onde viveu e morreu Luther King, simplesmente sentindo esses lugares. Penso que a coisa mais bacana da estrada são as sensações que ela deixa. Não dá pra fazer tratados teóricos e filosóficos. Trata-se de vivências, experiências, sensações epiteliais, sabores, texturas, cores. É apreender com todos os sentidos aquilo que o verbo não comporta. Estrada é um estado de espírito. E o estado transmitido por esse filme é muito bonito.

Enfim, adoro a proposta do diretor. Elizabethtown me ganhou pelos detalhes: essa viagem, essa trilha, essas pessoas absolutamente loucas, como Chuck&Cindy,  com quem eu queria cruzar um dia desses na rua... Elizabethtown faz a gente dar uma pausinha na vida e ficar leve igual a Claire por duas horinhas dançando com uma mão pra cima. 


Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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