"Ficamos ali horas trocando nadas, simplesmente adiando o tempo.
Alongando o milagre de estarmos ali"
(Mia Couto)
Sim tenho poucos amigos. Um tanto aqui, um pouco acolá, um que manda mensagens perdidas no tempo. Um que se foi. Talvez um novo esteja chegando. Sexta é dia de rever os amigos e tomar café. Café e amigos. Há quem diga que bom é café e amores. Como não tenho amores prefiro café com amigos. Saímos eu e ela. Dias sem se ver. Vidas distantes. Sem telefone, email. Só com a saudade e a certeza de que a amizade é o laço diferente e inquebrável no emaranhado de redes que vamos tecendo vida a fora. Ela com a vida amorosa de novela mexicana. Eu sem vida amorosa. Ela cheia de histórias, eu cheia de suspiros. Silêncios. E a certeza maluca de que esse é o lugar certo pra se está. Onde existe a possibilidade de dividir a vida, sem papéis. Confessar os medos, os amores patéticos, a falta de sono, o medo do escuro. Ela é o anjo mais velho. Decidida. Intensa. Combativa. Brigando sempre com a vida e com todos. Vencendo sempre. saindo sempre ferida. Ela me leva mais perto de Deus. Clube da Procratinação S/A. Meio Macabéias sim. Eu mais ela menos. Meio Lizzie Bennet sim. Ela mais eu menos. Meio irmãs. Meio alma da mesma matéria. Nela posso me aconchegar e dormir. E ter pé grande, pouco peito, cabeça meio boba. Posso ser destrambelhada e bocó. E tá tudo certo. Tão certo quando café com limão e leite condensado. Os amargos misturados com a quantidade certa de doce. Perfeição. Milagre. Um bom encontro é um milagre.
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