18.5.14

Não há sapatos mágicos, só tênis coloridos.

Ou ainda: A sorte do Kansas.



Amo "O mágico de Oz". Para mim é um livro simples cheio de momentos maravilhosos. Um dos melhores é quando a Dorothy explica pro Espantalho porque quer voltar para casa. Ele lhe pergunta porque quer deixar Oz que é um lugar tão bonito e colorido para voltar ao Kansas que é cinzento e sem graça; ela lhe explica que não importa quão cinza seja nossa casa, não há lugar como o lar. O Espantalho diz que o Kansas tem sorte porque as pessoas de lá tem cérebro e por isso preferem estar lá.
Gosto dessa conversa. Ela me representa sobremaneira.
Especialmente porque acho que tão importante quanto o cérebro é preciso ter coração para perceber que a nossa casa e  com nossos parentes é o melhor lugar.
Digo isso longe de ilusões. Entendo e defendo que família não é só um grupo de pessoas que divide um código genético com você, te encontra uma vez por ano e ponto. Não, para mim família precisa ser mais. Por exemplo sempre fui mais apegada a família da minha mãe, porque cresci em torno deles, temos muitas coisas em comuns, meus primos são também meus amigos. Minha afeição por eles nada têm haver com obrigações sanguíneas, é mais, é a louca sorte de não apenas dividir genes, mas também ser compatível com jeitos, modos de olhar o mundo. Até pra brigar somos mais unidos. Na família do meu pai tenho tios e primos que amo loucamente é claro, mas o todo fica muito aquém da família da minha mãe. Com os Nunes Barros, posso ser mais eu, tenho gente pra conversar sobre tudo, pra dividir as impressões sobre a vida. Nos Nascimento isso nem sempre acontece, as vezes vou a casa da minha avó e fico horas em um silêncio constrangido porque todas as perguntas de praxe acabaram. 
Isso implica dizer que mais que sorte ou determinação genética, família é um querer ser. É um aglomerado de gente que se comporta tão diferente, mas no fim é igual porque não sei te dizer. Sei que o sentimento de igualdade é forte. E se importa com você.

Dizendo a mesma coisa em outras palavras, para voltar ao Kansas (aquele lugar que é lar, aconchego e talz) não é preciso sapatinhos mágicos, é preciso tênis coloridos iguais, é preciso muita conversa enquanto se come queijo e toma café, é preciso um recado volta e meia te lembrando do quanto é bom ser da tua família, é preciso abraço, é preciso almoço num domingo qualquer, é preciso encontro anual onde todo mundo se declara e chora e diz o quanto aquilo é importante. Pra ter família é preciso ser família. 
Preciso praticar esse exercício de estar junto com o lado do meu pai, e agradecer todos os dias a Deus porque tenho UMA família do lado de minha mãe.
Porque mesmo pra uma antissocial como eu, não há lugar como o lar.

4 !:

Gabriela Freitas disse...

Adoro mágico de Oz..
Não adianta, a gente pode rodar o mundo, conhecer lugares incríveis, pessoas incríveis, mas nada supera a nossa casa, e a nossa família. Lindo a maneira como você retratou isso no texto.

http://www.novaperspectiva.com/

Jennifer Dias disse...

"É preciso SER família..." Ái. <3

Essa frase resume tudo.

Jennifer Dias disse...

"É preciso SER família..." Ái. <3

Essa frase resume tudo.

Jennifer Dias disse...

"É preciso SER família..." Ái. <3

Essa frase resume tudo.

Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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