16.4.14

laços

Quantas coisas bonitas não estão perdidas e descartadas? Quantas coisas não foram inutilizadas pela vida, pela arrogância, pelo consumo exagerado, pela novidade, pela correria?
Quantas pessoas bonitas não estão perdidas e descartadas? Quantas não foram perdidas nas relações arrogantes, nas confusões, nos meio-silêncios, no disse-me-disse?
A gente perde e se perde e nessa confusão coisas e pessoas bonitas acabam perdidas, jogadas fora, negadas em sua beleza e candura. Ontem vi um moço perdido: ele estava parado ao lado da rodovia, sentado no chão, sujo, imperceptível e me perguntei qual era a história que o tinha levado ali. Quais foram as relações que o colocaram naquela situação de aparente invisibilidade. As pessoas passavam por ele e não o viam. Laços perdidos. Isso, aquele rapaz é um laço perdido. Será que há pessoas que sentem sua ausência, que torcem pela sua felicidade, que vêem alguma coisa bonita e pensam nele? Não sei.
A única resposta seca e triste que vem a minha garganta é: há muitos laços e muitas pessoas esquecidas. Tanta beleza jogada fora, tanta humanidade perdida.
Para minha sorte, os meus laços são fortes e bonitos e por isso não sou uma preciosidade descartada. Gizele, um dos meus bens na vida, fotógrafa maravilhosa retratou esse laço e disse que parecia comigo e com o Catanuvens. Achei um elogio maravilhoso, porque parte do blog é pra isso, registrar algumas belezas não reconhecidas.




"Meu Deus! Como é engraçado.
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço.
Uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não embola.
Vira, revira, circula e pronto, está dado o laço.
É assim que é o abraço (...)
Ah, então é assim o amor, a amizade, tudo que é sentimento.
Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas não pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga então se diz: romperam-se os laços.
Então o amor, a amizade são isso.
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço."

Mario Quintana






Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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