20.9.12

ventos de pessoas




Os vulcões arrojam pedras, as revoluções homens. Espalham-se famílias a grandes distâncias, deslocam-se os destinos, separam-se grupos dispersos às migalhas; cai gente das nuvens, uns na Alemanha, outros na Inglaterra, outros na América. Pasmam os naturais dos países. Donde vem estes desconhecidos? Foi aquele Vesúvio, que fumega além, que os expeliu de si. Dão-se nomes a esses aerólitos, a esses indivíduos expulsos e perdidos, a esses eliminados da sorte: chamam-nos emigrados, refugiados, aventureiros. Se ficam, toleram-nos: alegram-se quando eles vão embora. Algumas vezes são entes absolutamente inofensivos, estranhos, as mulheres ao menos, aos acontecimentos que os proscreveram, não tendo rancores nem cólera, projéteis contra vontade, espantadíssimos de o serem. Enraízam-se como podem. Não fazem mal a ninguém e não compreendem o que lhes acontece.

Vitor Hugo em Os trabalhadores do mar, p. 29

Sabe VH, as coisas não mudaram muito do século XIX para cá, que o digam os mexicanos sofridos das fronteiras, e tantos árabes fugindo das guerras, a Africa é um palco disso, e o que não dizer do que ocorreu no leste europeu ainda há uns anos atrás... O mundo ainda produz a rodo ventos de pessoas.

1 !:

Mafê Probst disse...

Essas escritas antigas prevendo o futuro. Me assusta.


Beijos

Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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