3.3.13

Uma garrafa no mar de Gaza


Um daqueles filmes que a gente quer contar pra todo mundo, indicar e insistir que vejam.
Uma moça de Israel pede ao irmão para lançar uma garrafa com uma carta direcionada a qualquer palestino que estava em algum lugar de Gaza, do outro lado. A razão? Ela está perplexa após uma bomba explodir num café onde ela estava. "Porque tanto ódio?"



Do outro lado uns rapazes palestinos encontram a carta e zombam da boba israelense opressora que os insulta com suas perguntas idiotas. A questão é que as perguntas profundamente mobilizadoras na verdade, fazem com que um dos rapazes responda  missiva e se ache  em um conflito interno muito compreensivo : ter ou não contato com o opressor?




O resultado?
Uma revolução. Daquelas que deixam a galera da micro-história super empolgada. Aos poucos Tal e Naím se conhecem e se correspondem através de email (Gazaman e Miss Paz) e passam a perceber que a condição humana e a sensação de bem querer é universal. O problema é que a distância entre Jerusalém e Gaza é muito maior que os 73 km que os separam; anos de história, de disputa pela terra, de ressentimento mútuo e de sofrimento dos dois povos ampliam a distância que separam Tal e Naím.
O filme retrata a vida e as oportunidades tanto de jovens israelenses quanto de jovens palestinos e que apesar das diferenças gritantes, "razões" que justifiquem a manutenção da guerra estão presentes dos dois lados.
Naím e Tal vivem o sofrimento de serem Capuleto e Montechio em proporções nacionais; e desafiam as leis do ódio mostrando que do outro lado da cerca, do arame farpado existem pessoas com fome de viver, ansiosas pela paz, calejadas de um ódio que não cessa. Eles descobrem que o amor é petulante e não respeita história e hostilidade posta.
E sem nunca se encontrarem, eles se apoiam, se inquietam, se sustentam, se revoltam um com outro e com sua condição, se libertam e mostram que outro tipo de convivência é possível, tudo porque uma menina resolveu escrever uma carta querendo saber de fato quem são os seres humanos dos quais ela tanto ouvia falar, foi ensinada a odiar, mas quem de fato não conhecia.
Uma garrafa no mar de Gaza é um desses filmes lindos. Que te arrebatam junto. Que te convidam a questionar as razões do ódio e que te fazem acreditar no amor. E concluir que sim, o amor é um movimento.

Eu desconfio que as barreiras do ódio, do medo e da intolerância não resistem por muito tempo às pequenas fissuras que o amor pode causar em seus poderosos muros.

1 !:

Andreia disse...

Muito interessante.

Nunca tinha ouvido falar desse filme, mas parece ser um desses que nos faz questionar um pouco de tudo.

Os asiáticos tendem a fazer os filmes bastante mais realistas que não os ocidentais e acho que é por isso que tendo a preferiria mais o cinema asiático que o nosso.

Fiquei curiosa agora. Vou ver se o encontro em algum sitio para o ver. *_*

Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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