28.12.12

Retrospectiva literária.


“Enquanto percorria túneis e túneis de livros na penumbra,  não pude evitar que me invadisse uma sensação de tristeza e desânimo. Não podia deixar de pensar que se eu, por puro acaso, tinha descoberto todo um universo num só livro desconhecido na infinidade daquela necrópole, dezenas de milhares de outros livros ficariam inexplorados, esquecidos para sempre.  Senti-me rodeado por milhares de páginas abandonadas, de universos e almas sem dono, que se fundiam em um oceano de escuridão enquanto o mundo que palpitava do lado de fora daquelas paredes perdia a memória sem perceber, dia após dia, sentido-se mais sábio quanto mais esquecia.”
|pg. 64 A sombra do vento, Zafón|




Vi esse meme em alguns blogs que sigo. Achei fantástica a ideia, então eis aqui o meu registro.
Em 2012 li mais que em 2011 e isso é bom, mas ainda foi pouco. Fiquei muito obcecada por séries que tomaram quase todo o meu tempo livro (Hein Fringe, Downtow Abbey, Breaking Bad, Gilmore Girls, How I Meet You Mother, The Big Bang Theory e Cia?!!). Logo minha lista de livros foi como diria um amigo meu, dentro da curva de Gaus.


1. A sombra do vento - Carlos Ruiz Zafón;
2. Dignidade. As experiências do MSF - Vários autores;
3. O prisioneiro do céu - Carlos Ruiz Zafón;
4. Não vim fazer discurso - Gabriel Garcia Marquez;
5. Cartas a um jovem poeta - Rilke
6. Memórias de uma Gueixa – Arthur Golden;
7. O apanhador no campo de centeio - Sallinger;
8. Textos do Caribe 1 - Gabriel Garcia Marquez;
9. Orgulho e preconceito - Jane Austen;
10. Para sempre princesa - Meg Cabot;
11. A rainha da fofoca - Meg Cabot;
12. O ultimo voo do flamingo - Mia Couto
13. Peter Pan - J. M. Barrie
14. Ao sul de lugar nenhum - Charles Bukonski
15. Os trabalhadores do mar - Victor Hugo
16. Histórias Íntimas - Mary Del Priore
17. A virgem na jaula - Ayaan Hirsi Ali
18. Os sofrimentos do jovem Wether - Goethe
19. O Jesus que nunca conheci - Philipe Yancey
20. Marina - Carlos Ruiz Zafón
21. A Culpa é das Estrelas – John Green;
22. 24 contos de Fitzgerald
23. Maligna - Gregory Maguire
24. Diálogos Impossíveis - Luís Fernando Veríssimo
25. Maravilhosa Graça - Philip Yancey
26. A guerra dos tronos - George Martin;
27. A fúria dos reis - George Martin;
28. A tormenta de espadas - George Martin;
29. O festim dos corvos - George Martin;
30. A dança dos dragões - George Martin;
31. O grande Gatsby - Fitzgerald;
32. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez;
33. A Hora da Estrela – Clarice Lispector;
34. A menina e seu cavalo (Crônicas de Nárnia) - C.S Lewis;
35. As cartas de Tolkien;
36. Memórias da Casa dos Mortos - Dostoievsky;
37. O sobrinho do mago (Crônicas de Nárnia ) - C.S Lewis;
38. Frankstein - Mary Shelly;
39. Amar, verbo intransitivo - Mario de Andrade;
40. Filho da Guerra - Emmanuel Jah;
41. O noivo da minha melhor amiga - Emily Giffin ;
42. Exercício de ser criança - Manoel de Barros;
43. Um teto todo seu - Virgínia Woolf;
44.  O peso da glória - C. S. Lewis;
45. Na jornada com Cristo - Max Lucado;
46. O amante de lady Chatterley - D.H. Lawrence;
47. Pra viver com poesia - Mario Quintana;
48. Macunaíma - Mario de Andrade;
49. Esaú e Jacó - Machado de Assis;
50. Deixando o paraíso - Simone Elkeles;
51. Coisas de amor largadas - André Gonçalves;
52. Os quatro amores - C. S Lewis;
53. Ela foi até o fim - Meg Cabot.

* Os livros tachados foram abandonados e os em itálico foram lidos novamente.

O melhor casal literário: Bea Aguilar e Daniel Sempere. Dois adolescentes numa Barcelona misteriosa, apaixonados por livros, descobrindo sua paixão enquanto resolviam mil problemas. É um daqueles casais sem tanta novela mexicana e que te agradam de cara. Menina decidida, menino meio inseguro; mas no fim casam, tem um filho e vemos de novo o casal tendo o casamento posto a prova em O prisioneiro do céu. Sou louca por eles. Quero um amor assim, certo, apesar dos apesares.

Virei a noite lendo:  A culpa é da estrelas de John Green. Depois de tanta propaganda do livro em blogs queridos, fiquei muito ansiosa para lê-lo e numa noite de sexta devorei a história de Hazel e Gus sem pausas e com uma  série de emoções dançando em meu espírito. Quando dei por mim o livro já tinha acabado. E eu fiquei a noite inteira matutando sobre ele, relendo algumas partes mais legais, tentando reviver o que passou tão rápido.



Soco no estômago: A série As Crônicas de Gelo e Fogo de George Martin cumpriram essa missão em minha jornada de leitora. Eu sonhava com Westeros, com a sobrevivência dos bons e a morte dos maus. Ainda penso em como George Martin vai dar um fim a tanta trapaça, intriga e guerras e como meus personagens favoritos são se sair dessa. É uma aflição sem fim.


Aquele em que chorei de soluçar: Esse ano o Médicos Sem Fronteiras lançou o livro DIGNIDADE. E me despedaçou. Nove diferentes escritores (entre eles meu amado Llosa) visitaram bases do MSF pelo mundo e contam algumas das histórias mais lindas e mais negligenciadas de todos os dias. Chorei a cada capítulo. Tanto das mulheres estupradas por vários homens ao mesmo tempo no Quenia, quanto pelas crianças que já nascem com a doença de Chagas na Bolívia. Molhei o livro inteiro, especialmente porque o trabalho do MSF me mobiliza imensamente.
Outros livros me levaram às lágrimas; Dignidade me levou a mudança de algumas práticas.


A maior decepção do ano: Sem dúvida Os sofrimentos do jovem Wether de Goethe. Criei muita expectativa em torno desse livro. Era um livro de Goethe!! Tão afamado quanto Fausto! Tinha que ser arrebatador! Pessoas cometeram suicídio ao ler as desventuras de Werther, o livro tinha a obrigação de ser perfeito. Mas foi morno morno, meio óbvio até. Fiquei com vontade de bater em Wether porque ele é dramático demais. Enfim, aprendi a não me empolgar tanto com um clássico só porque é clássico.


Não levava fé, e me surpreendi: Memórias de uma gueixa de Arthur Golden.  Subestimei demais a história. Achei que era um desses livros truncados sobre o Japão, aí me aparece uma menina de água, com uma série de infortúnios e uma beleza que só traz mais infortúnios, mas também permite que ela fique perto de seu grande amor. Uma história linda sobre o luxo e a decadência de uma das artes milenares do Japão. Um livro que trata da beleza. E da loucura (dale dale Hatsumomo) e da gentileza e da honra e da graça e do inexplicável amor. E um fim perfeitamente surpreendente. Hoje é um dos meus livros favoritos que volta e meia pego pra reler.

O mais chato: Um teto todo seu de Virgínia Woolf. A autora é mundialmente aclamada e fui ler esse livro com tanta expectativa, e era uma chatice só. Depois da primeiras páginas não tive ânimo para seguir a leitura. Sonolência instantânea.

Quase morri de rir: A rainha da fofoca de Meg Cabot. A Meg tem esse talento de apresentar protagonistas totalmente loucas e quem fazem a gente gostar delas de cara, são meio tapadas e não veem o óbvio (que o cara legal e ligeiramente bonito tá a fim delas) e apronta mil vexames que me fazem rir alto e sozinha. É um talento.

Aventura, fantasia ou infanto-juvenil: Marina de Carlos Ruiz Zafón. Marina é a história do desaparecimento de Oscar e todos os segredos escondidos nisso. O Zafón é um mestre quando o assunto é nos enredar e nesse livro, ele faz isso maravilhosamente. Mostrando a família linda de Marina (o pai e um gato) e de outros  coisas bem macabras; dos livros juvenis que li esse ano, Marina é o melhor. (Queria ressaltar que não considero os outros livros do Zafón como juvenil por isso a escolha por Marina).



Biografia: Todo mundo que me conhece sabe que sou a-pai-xo-na-da por Gabriel Garcia Marquez. Em 2012 a família noticiou que ele sofre de demência senil e não escreverá mais, especialmente a continuação de suas memórias, sofri um turbilhão de sensações e lamentos porque não terei a continuação de Viver para contar. Contudo fui surpreendida pelo maravilhoso Não vim fazer discurso. Um livro que reúne diferentes falas em diferentes momentos da vida do Gabo. O livro é um presente pra mim pois fica claro a surpresa dele com o sucesso de Cem anos de solidão, além de seu louco amor pela América Latina e suas impressões a cada troféu ganho mundo a fora. O livro é um primor só.


O mais esperado: Sou apaixonada pela história de O mágico de Oz e quando soube da existência de outros livros com temática parecida fiquei louca para tê-lo. E como não tem livrarias em minha cidade percorri a internet atrás de Maligna. Para todos os que amam ou odeiam o Mágico de Oz de Gregory Maguire. Foi o livro mais aguardado e digo: valeu a pena. Me apaixonei por Elphaba, a maléfica bruxa do Oeste, tão verde e tão odiada por todos. Efinha me encantou, mostrando que toda situação tem duas ou mais versões. A versão da bruxa é de uma riqueza espetacular, situações econômicas - politicas e sentimentais são apresentadas mostrando que o bem ou o mal podem ser apenas um ponto de vista. O livro é meio chato no começo, mas a insistência vale a pena depois que a bruxa chega a Shiz e cursa universidade com Glinda, a bondosa bruxa do norte. Ou não. Maligna me encantou e eu percebi que ao contrário do que supus toda a vida tenho mais de Elphaba que de Dorothy.



Bate-bola de personagens:

• Personagem masculino apaixonante Jamie Lannister de As Crônicas de Gelo e Fogo. É preciso ler pelo menos 1600 páginas dos três primeiros livros para descobrir que Jamie não é o vilão e sim o cara que você está esperando a vida inteira. Um cara realmente fiel, marcado pelas circunstâncias e que por trás do título de Regicida e do cinismo lannister é um fofo, cuidadoso e protetor (pelo menos até agora a gente nunca sabe o que esperar do George Martin em cada livro!). O Jamie literalmente pula de vilão sem escrúpulos a razão porque eu ainda tô lendo George Martin. É incrível...! ( Eu pensei em colocar Khall Drogo, meu sol e estrelas; mas as circunstâncias e a rapidez da morte dele me revoltam até hoje, o Jamie tem mais histórias, é mais humano. E sobre Jon Snow... pode ficar com ele Bia).

Personagem feminina admirável –  Arya Stark. Como é possível tanta bravura e tanta incorformidade em uma menina de 11 anos assim? Ela que não se contentou com uma agulha, queria uma espada e vem sofrendo o pão que Cersei amassou com uma dignidade que me espanta. Pra mim, de longe o melhor personagem de toda a longa trama de George Martin. A menina de muitos nomes: Gata, Arryn, Doninha, Ninguém, Arya da Casa Stark. Sozinha já percorreu toda a Westeros e agora anda nas Cidades Livres enfrentando a morte todo dia e vencendo e lutando até quando vai dormir por justiça.

Personagem mais chato Tom Buchanan de O grande Gatsby. Nunca vi  mais "estúpido homem americano" (leia-se estadunidense). O Tom é o máximo representante rico, cretino e idiota da sociedade dos EUA. Cheio de idéias bestas e todo metido, trai a Dayse e é um chato o livro inteiro. Pense que me irrita!  E Sansa (sonsa) Stark, ai menina irritante e que não acontece nada de mal!

• Personagem mais perturbador –  Sem dúvida Hatsumomo, de Memórias de uma gueixa. Nunca um personagem me assustou tanto e me encantou tanto. Nunca foi tão belo e tão triste. Tão o oposto de Sayuri que apanhou da vida mas continuou com esperança, Hatsumomo é o retrato de quem tinha tudo para ser e não foi e desistiu da vida e se contentou em espalhar a sua tristeza pra quem estivesse perto. Nunca tanta buniteza guardou tanta amargura.


Personagem que odiei desde o primeiro momento -  Cersei Lannister dos livros As Crônicas de Gelo e Fogo. Nunca a morte de um personagem foi tão desejada por mim. Nunca detestei tanto cada linha que se referia a um personagem.

 Personagem que eu queria como amigo - Femim Romero de Torres de A sombra do Vento e O Prisioneiro do Céu. Um dos personagens mais legais e carismáticos que já conheci.  Gosto de reler os livros e ficar vendo as ações dele e de como seria legal conhecer uma pessoa assim.


Personagem que mais me identifiquei – Elphaba, de Maligna. Verde, inquieta, preocupada com a comunidade e com as pessoas. Uma lutadora. Talvez ela participasse do Levante Popular da Juventude lá no Vinkus ou na Cidade Esmeralda. Uma moça apaixonada e muito sofrida. Lutando contra toda uma vida feita contra ela. Sempre estereotipada pela inteligencia, pobreza e cor de pele, Elfinha lutava até o último dia contra a opressão do Mágico. E não se conformava de modo algum com o mundo do jeito que é. Me apaixonei por ela. 

O melhor livro que li em 2012: 
Essa é uma escolha difícil. Três livros me marcaram esse ano: o que se passa em Barcelona, A sombra do vento de Carlos Ruiz Zafón; o que se passa em uma aldeiazinha em Moçambique, O último voo do flamingo de Mia Couto; e o que se passa Kioto, Memórias de uma gueixa de Arthur Golden. Três livros fantásticos. Histórias totalmente envolventes. Personagens que você acha que conhece de algum lugar. Identificações mil. Seja no amor pelo livros de Daniel Sempere; seja na dificuldade que é nascer mulher como nos mostra a pequeno Chio; seja na sabedoria resignada de uma aldeia africana oprimida pela cobiça de suas riquezas naturais. Três caminhos, três lugares, muitos trechos marcantes e marcados. Três gênios.



●๋•


1 !:

gabi disse...

AAAAHHHH pera, que inveja dessa lista!!!!!

A culpa é das estrelas *--*
Memórias de uma gueixa *--*

As Crônicas de Gelo e Fogo tá no vou ler faz tanto teeeempo :S


;*

Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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