15.9.12

sexta feira, Solar da praça.

na vitrola: In my life.


hoje me lembrei de uma conversa que tive há um tempo atrás com Vitor, eu o questionava o porque de ele não se incomodar em ter tão poucos amigos, ou em afirmar que tinha poucos amigos. Daí ele me disse:

- Eu não tenho poucos amigos, eu tenho OS amigos. Na vida a gente é obrigado a conviver com uma série de pessoas e a gente tende a confundir essa convivência obrigatória com amizade. Eu só descobri quem eram de fato os meus amigos da escola seis meses depois que saí dela. Os amigos da faculdade, a mesma coisa. As pessoas com que eu hoje convivo no mestrado são apenas isso, pessoas que eu convivo. E não é porque eu saio com elas, ou temos assuntos acadêmicos em comum ou porque uma delas disse que amava que eu posso me convencer que são meus amigos. Porque amizade é vontade de ser. Amigo é quando você não tem mais nenhuma desculpa ou obrigação ou na rotina a convivência com determinada pessoa e ainda assim você convive com elas.

Isso é a máxima verdade. Eu acrescento mais: amigo é quando nem a rotina, nem a obrigação, nem as desculpas deixam você conviver, mas a gente burla rotina, acha um espaço, um lanche, um café, "um passo lá em tua casa", só pra manter essa pessoa por perto. 
Amizade é a consciência de que tal pessoa as vezes é chata, e te irrita determinado comportamento dela; e ainda assim você a quer na sua vida, e deixa que ela saiba disso.
Nesse ano pós faculdade venho descobrindo isso. Durante os cinco anos da graduação ouvi muito que era maravilhosa, especial, divertida, ouvi o infame "Eu amo você" de muitas vozes. Hoje olho na minha agenda do celular, no twitter, no face, no email, no skoob e nenhuma dessas pessoas está presente. Elas até tem seus nomes escritos, mas não se presentificam na minha vida e não fazem a mínima questão de me ter por perto. Hoje fui tomar café com Gabriela em um barzinho muito legal aqui de minha cidade chamado Solar da Praça, e na volta pai me perguntou no carro: E aí foi bom com suas amigas de faculdade? O engraçado é que eu disse que ia sair com Gabriela que tinha estudado comigo. Só que refletindo, a pergunta do meu pai estava certa: pois Gabriela, que era uma pessoa meio distante durante os cinco anos da graduação e com quem eu sempre gostei de conversar mas falava muito pouco é hoje uma das poucas pessoas presentes na minha vida. Será que Vitor diria que Gabriela é minha amiga? 
Na verdade, do mar de gente que conheci na UNIVASF, hoje só tenho por perto um jeito ou de outro quatro pessoas. E Gabriela é uma delas. Uma pessoa que nunca disse me eu te amo, eu te adoro, você é especial pra mim. Com quem nunca tive mimimi, e no entanto, é quem me chama pra tomar café e me presenteia com um filme lindo da Audrey Hepburn, quando não existe mais nenhuma prescrição social indicando que devemos ter uma boa convivência.

Acho que a amizade caminha por aí.. Na compreensão de que existem pessoas (poucas) que vez por outra vai querer passar um tempo com você falando de coisas  bestas e coisas importantes, e vai querer isso pelo simples fato de quem se sente bem na sua companhia. E só.

1 !:

gabi disse...

Esse Vítor tem tanta razão que roubei a fala dele! HAHAHA
Amizade é difícil, muito difícil, e aqui em SP eu tenho absoluta certeza disso =/

Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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