3.5.11

gaúcho meu.



A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...
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Acho que nunca me esquecerei. Meu pai tinha uma pilha de livros amarelados e cheios de poeira em um canto do quarto. Eu tinha 12 anos e uma curiosidade inexorável. Comecei a revirar os livros. E nessa busca, encontrei duas paixões fuminantes: a História e as poesias de Mário Quintana. O livro de poesias era para mim uma novidade... E sem perceber me apaixonei pela escrita e pela mente de um gaúcho! Na primeira página, tinha o poema "Auto retrato". Naquela época eu pensava que poesia era só romance. Aí me apareceu Quintana e me mostrou que a vida é poesia...

Pequena Crônica Policial
Canção para uma valsa lenta
Do espelho mágico



"em cima do meu telhado
Pirulim lulim lulim
Um anjo todo molhado
soluça no seu flautin..."


E na inexperiência dos 12 anos estava irremediavelmente ligada a um poeta de lá do outro lado do Brasil. Porque? Sei lá. Ele falava de coisas que eu sabia e entendia. Eu podia me ver escrevendo aquilo...
Eu recitava os versos em alta voz. E ainda recito.
Mário é um pedaço importante de minha vida. Meu pai, sem saber, me apresentou aos dois amores que mais me fazem feliz.

Ailma Barros,
mais de mil perguntas sem resposta, muito prazer!

 
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